3/08/2018

A Forma da Água


Muito bom o filme "A Forma da Água"("The Shape of Water", 2017, Dur.: 123 min., Dir.: Guillermo del Toro), que conta a história de Elisa Esposito(Sally Hawkins), uma faxineira solitária e muda que apaixona-se por uma criatura anfíbia que foi capturada na Amazônia e levada para ser estudada(ou seja, torturada) no laboratório do governo onde ela trabalha.


A relação entre Elisa e o "homem anfíbio"(Doug Jones) vai consolidando-se aos poucos, através da música, da comida e da compaixão da moça, que decide salvá-lo quando descobre que o exército decidiu dissecá-lo para aprender mais sobre a natureza de sua existência.

Após o resgate, Elisa leva a criatura para o seu apartamento para esperar o momento certo para soltá-lo no mar e precisa evitar que ele seja encontrado por Richard Strickland(Michael Shannon), o rígido e brutal chefe de segurança do laboratório.


É no apartamento que o amor entre o estranho casal floresce e as cenas que mostram os dois juntos são belíssimas. O filme consegue alternar momentos de puro lirismo(como a fantasia musical em preto e branco da zeladora) com outros mais extremos(como as cenas que mostram Strickland e sua esposa e os violentos ataques da criatura) e não decepciona em nenhum deles.


A atuação de Sally Hawkins é espetacular, já que a atriz consegue dar um show sem dizer quase nenhuma palavra e participa de algumas cenas bem fortes. O mesmo pode ser dito de seu co-protagonista Doug Jones, que faz tudo isso por baixo de uma forte maquiagem. A criatura anfíbia ficou perfeita e todos seus minutos na tela são brilhantes(alguns literalmente).


Shannon(que fez o general Zod nos filmes recentes do Superman) faz um vilão que consegue assustar e merecem destaque ainda as participações de Richard Jenkins, Octavia Spencer e Michael Stuhlbarg(que faz o cientista russo infiltrado que não permite que a criatura seja assassinada).

Jenkins interpreta Giles, o vizinho artista de Elisa que a ajuda a libertar o anfíbio e conta com uma terna e triste subtrama que funciona bem. Spencer faz a prática companheira de trabalho da faxineira, que fala pelas duas. Estes dois personagens servem ainda para que o roteiro explore vários preconceitos que infelizmente não ficaram restritos à década de 1960 e ainda assolam a nossa sociedade.


O final ficou legal e faltou elogiar apenas o cenário "retrô" construído pela produção, que caprichou nos sets e nas músicas escolhidas. "A Forma da Água" é uma verdadeira obra-prima, que mais uma vez mostrou o quão talentoso é o seu diretor, Guillermo del Toro. Nota: 9,5.

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