Punho de Ferro

Regular a série do "Punho de Ferro" da Netflix, a quarta a ser produzida pelo site em parceria com a Marvel, que agora lançará "Os Defensores", que mostrará Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e o Punho de Ferro atuando juntos contra uma ameaça em comum.

O seriado estrelado por Danny Rand(Finn Jones) até começa bem, mas a partir do sétimo episódio desperdiça o seu potencial, concentrando-se nos personagens errados e ficando bastante repetitivo. As cenas de ação até que são boas, mas achei que o efeito do punho de ferro podia ter ficado melhor(aquele brilho pálido mostrado na tela ficou longe de expressar toda a grandiosidade do poder de Rand).

Os personagens errados citados no parágrafo acima são os Meachums: Joy(Jessica Stroup), Ward(Tom Pelphrey) e Harold(David Wenham). Amigos de infância de Danny, Joy e Ward administram a empresa criada por seus pais e mudam de opinião incontáveis vezes ao longo da trama. Ward pelo menos é bem construído(sucumbindo ao uso de drogas para aliviar a pressão de ter que lidar com os esquemas de seu pai), mas Joy acabou mostrando-se uma personagem bem fraca.

Já Harold é um dos vilões a ser enfrentado pelo Punho de Ferro. Após fazer um acordo com o Tentáculo, ele forjou a própria morte e passou a morar escondido em uma cobertura em Nova York. Quase imortal graças à magia da organização criminosa, ele manipula Rand para conseguir o que quer e - na reta final da série - volta ao "mundos dos vivos" e tenta acabar com o herói.

O Tentáculo é a grande ameaça enfrentada por Rand, que descobre que os criminosos infiltraram-se em sua companhia e a usam para fabricar e distribuir um tipo especial de heroína. Os enfrentamentos de Rand com os chefões Madame Gao(Wai Ching Ho) e Bakuto(Ramon Rodriguez) até rendem alguns bons momentos. Gao(vista anteriormente na série do Demolidor) mostra-se como uma grande vilã, sempre manipulando todos ao seu redor. Bakuto é um vilão mais caricato, mas ao menos teve importância por ensinar Rand a recarregar seu "chi" e usar seu poder para curar.

A origem do herói apresentada pela série mostra que ele perdeu os pais(Wendell e Heather) em um acidente aéreo no Himalaia e só sobreviveu pois foi resgatado pelos monges guerreiros da mítica cidade de K´un-Lun, que existe em uma outra dimensão e só pode ser acessada por nosso mundo há cada 15 anos.

Este foi o tempo que Rand permaneceu lá, onde foi duramente treinado e acabou tornando-se o Punho de Ferro, uma arma viva que deve proteger a cidade de seus inimigos e também ser responsável por confrontar o Tentáculo. Ansioso por descobrir quem causou a morte de seus pais, Rand abandona K´un-Lun e a sua missão e volta ao mundo moderno.

Esta divisão vivida por Rand(entre o tradicional e o moderno) é explorada razoavelmente bem pela série ao longo dos episódios e acentuada com a chegada de Davos, um parceiro de Rand em K´un-Lun que desejava tornar-se o Punho de Ferro e não entende porque Rand decidiu largar o seu posto. A vida de Rand com os monges deveria ter sido mais explorada, com mais detalhes sobre seu treinamento e sobre a filosofia e a história dos punhos de ferro.

Meu episódio favorito acabou sendo o sexto("Imortal Emerge da Caverna"), que mostra Rand enfrentando um perigoso desafio do Tentáculo e lembrando dos ensinamentos de seu mestre. Rand é "derrotado" ao recusar-se a matar uma inocente e mostra como é difícil e cheio de nuances o fardo de ter virado uma "arma viva", que deve ser impiedosa contra seus oponentes.

Outro acerto da série foi Colleen Wing(Jessica Henwick), interesse amoroso de Rand, que é uma mestre em artes marciais que consegue sobreviver à uma reviravolta da história(que, no episódio 10, revela que ela é uma integrante do Tentáculo) e ser uma boa parceira para o herói. Suas cenas de luta(tanto na arena clandestina quanto nos duelos contra os vilões) ficaram legais e a atriz que a interpreta é bem bonita. Mesmo ligeiramente diferente da personagem das HQs, Wing é uma figura que merece continuar aparecendo nas produções da Netflix.

Faltou falar apenas da participação da enfermeira Claire(Rosario Dawson), que mais uma vez é bem-sucedida graças à simpatia da atriz, apesar da missão na China(ao lado de Rand e Colleen) ter sido um pouco exagerada para ela ao meu ver. A série podia, então, ter sido melhor, mas pelo menos serviu para apresentar o Punho de Ferro, personagem que certamente funcionará bem ao lado dos outros heróis na série dos Defensores.