Vou falar neste post de um dos meus discos favoritos: "Severino", dos Paralamas do Sucesso, lançado em 1994.
Gosto muito das músicas deste álbum, que não está entre os trabalhos mais vendidos dos Paralamas, mas foi um dos primeiros que eu comprei.
Na verdade, quando ele foi lançado, eu comprei apenas a fita cassete, pois o CD na época já era bem caro. Desta fita, só me resta o encarte.(foto abaixo)
Mais tarde, comprei o CD, que ainda tenho, e também o vinil, que adquiri para poder apreciar melhor a arte da capa, feita por Gringo Cardia sobre o trabalho de Arthur Bispo do Rosário.
Sobre Rosário, reproduzo agora o texto de Frederico de Moraes, que está no encarte do CD:
""Cada louco é guiado por um cadáver. O louco só fica bom quando se livra deste morto.", afirmou certa vez Arthur Bispo do Rosário, que durante quase meio século esteve internado na Colônia Juliano Moreira, do Rio de Janeiro.
Para livrar-se desse cadáver, que é a loucura, só havia para Bispo dois caminhos: a morte(que ali, verdadeiro "cemitério dos vivos", como diria Lima Barreto, é lenta e deprimente) ou a criação. Optou por esta última, e de modo tão intenso, que criar tornou-se para ele sinônimo de vida, razão de viver.
Como escreveu num dos seus estandartes, legendando a imagem costurada de um corpo cujas partes descrevia: "Eu preciso destas palavras escritas". Assim, pela vida da arte, deu um sentido criador aos seus delírios, administrando sua loucura.
Ao morrer, em 1989, com 77 anos, deixou para a cultura brasileira e universal, um dos mais impressionantes e pungentes testemunhos sobre a importância do ato criador como veículo de afirmação da dignidade humana."
Acho esta frase - "EU PRECISO DESTAS PALAVRAS ESCRITAS" - simplesmente genial. É fascinante ver como a criação artística pode ser capaz de amenizar o sofrimento de uma pessoa.
O CD tem 13 músicas(sendo as 2 últimas bônus tracks):
1. Não me estrague o dia
2. Navegar Impreciso - a letra desta música remete à poesia de Fernando Pessoa, e fala sobre a conflituosa relação entre metrópole e colônia.
3. Varal
4. Réquiem do Pequeno
5. Vamo Batê Lata - a música mais conhecida deste disco, e a que eu menos gosto.
6. El Vampiro Bajo El Sol
7. Músico - grande letra de Tom Zé, ótima música.
8. Dos Margaritas - outra música bem conhecida
9. O Rio Severino - boa e contundente crítica de Herbert Vianna ao abandono à que é submetida boa parte da população brasileira. Esta é uma das minhas partes favoritas:
"mas quem não tem abc não pode entender hiv
nem cobrir, evitar ou ferver"
10. Cagaço
11. O Amor Dorme - bela música. Nesta letra há referência à um filme(possivelmente), que até hoje eu não sei qual é:
"... todo amor dorme
numa caixa, numa gaveta, numa sala escura
que ás vezes visito
como hoje num sonho
como Deneuve entre os pombos
a abençoar seus queridos"
12. Go Back
13. Casí um Segundo.
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