Mais um soneto de Augusto dos Anjos:
"Apóstrofe à Carne
Quando eu pego nas carnes do meu rosto,
Pressinto o fim da orgânica batalha:
- Olhos que o húmus necrófago estraçalha,
Diafragmas, decompondo-se, ao sol-posto...
E o Homem - negro e heteróclito composto,
Onde a alva flama psíquica trabalha.
Desagrega-se e deixa na mortalha
O tato, a vista, o ouvido, o olfato e o gosto!
Carne, feixe de mônadas bastardas.
Conquanto em flâmeo fogo efêmero ardas,
A dardejar relampejantes brilhos,
Dói-me ver, muito embora a alma te acenda,
Em tua podridão a herança horrenda,
Que eu tenho de deixar para os meus filhos!"
1 comment:
Bá, não lembrava deste. E olha que tenho o livro com obra completa. Muito 10, mas o mais pesado é aquele que fez pro filho natimorto. brrrr
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