Mais dois poemas, um de Florbela Espanca e outro do heterônimo pessoano Alberto Caeiro, seguidos por uma resposta minha, numa clássica prova de Literatura Portuguesa, à uma questão que pedia uma comparação entre os dois sobre a concretização formal(ou não) do exposto tematicamente.
"Tortura(Autora: Florbela Espanca)
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!"
"XIV(Autor: Alberto Caeiro)
Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se vento..."
"No poema "Tortura", o eu-lírico lamenta-se por não conseguir transmitir para seus textos a totalidade de suas emoções. Em um soneto de forma perfeita, ela fala sobre a busca pela simplicidade, pela pureza real nas ideias que estão sendo escritas. Em "XIV", o eu-lírico utiliza-se de uma forma simples e sem regras para expressar os mesmos desejos exibidos em "Tortura".
Pode-se dizer que o pretendido em "Tortura" foi realizado em "XIV", pelo menos de forma teórica, em relação ao tema. O primeiro poema é perfeito em sua forma, na disposição de suas rimas. O segundo poema é perfeito por ser natural e passar sua mensagem de maneira clara. De acordo com as ideias dos autores, o ideal seria uma mescla das características apresentadas nos dois poemas. Com esta mescla, estaria realizado o poema perfeito."
3 comments:
NOTA 10!Mas se fosse aquele nosso professor do 4º ano; nota 4,6.hehe Bá e o da Florbela é 99,9 perfeito na sonoridade, só peca no 2º e 3º versos da segunda estrofe, mas quem sou eu...que ritmo!
Hehe. É verdade. Pra mim o poema da Florbela é perfeito. A prova valia 6 e tirei 4,3, pois quase zerei uma das outras questões. 19 linhas de resposta, aí lá no fim a anotação do professor, que destrói: Reler poemas! Vou ver se encontro alguma das provas de Linguistica, também clássicas.
Estou mpra publicar uma resposta minha em Teoria da lIteratura 1, mas só fiquei com o rascunho, não tenho nem a pergunta nem a versão final. Mas ficou hilária com pedaços daqueles textos complicados, hehe enrolação total e tirei 8.
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