2/16/2009

Uma asa do silêncio

Abaixo, mais um soneto clássico escrito por Pablo Neruda:

"Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos a chave da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo."

Impressionante este poema, principalmente a parte que fala que "a palavra é uma asa do silêncio". A seguir, minha redundante interpretação deste trecho do texto:

"Sem palavras, não há silêncio
Sem silêncio, perde-se a importância das palavras
Só há silêncio sem palavras
As palavras só são importantes por causa do silêncio."

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