Mais um poema clássico de Augusto de Anjos:
"O deus-verme
Fator universal do transmorfismo,
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.
Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.
Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói visceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...
Ah! Para ele é a que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!"
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