Mais um poema de Augusto dos Anjos:
"Súplica num túmulo
Maria, eis-me a teus pés. Eu venho arrependido,
Implorar-te o perdão do imenso crime meu!
Eis-me, pois, a teus pés, perdoa o teu vencido,
Açucena de Deus, lírio morto do Céu!
Perdão! e a minha voz estertora um gemido,
E o lábio meu p´ra sempre apartado do teu
Não há de beijar mais o teu lábio querido!
Ah! quando tu morreste, o meu Sonho morreu!
Perdão, pátria da Aurora exilada do Sonho!
- Irei agora, assim, pelo mundo, para onde
Me levar o Destino abatido e tristonho…
Perdão! e este silêncio e esta tumba que cala!
Insânia, insânia, insânia, ah! ninguém me responde…
Perdão! e este sepulcro imenso que não fala!"
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