5/23/2014

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

Gostei do filme "X-Men - Dias de um Futuro Esquecido"("X-Men: Days of Future Past", 2014, Dur.: 131 min., Dir.: Bryan Singer), que é uma boa aventura mas, como fã de longa data dos X-Men, tenho algumas ressalvas, que listarei ao longo do texto. A história é bem conhecida e mostra um futuro dominado pelos robôs Sentinelas, onde os X-Men sobreviventes são cruelmente perseguidos e resolvem executar um plano desesperado: enviar a consciência de Wolverine(Hugh Jackman) para seu corpo no passado com a missão de impedir que Mística(Jennifer Lawrence) assassine Bolivar Trask(Peter Dinklage).


Trask criou os sentinelas, e sua morte fez com que o governo acelerasse a implantação do programa e deu origem aos sinistros robôs mostrados no futuro que, graças ao DNA roubado de Mística, são capazes de adaptarem-se aos poderes de qualquer mutante. A responsável pela transferência temporal aqui é Kitty Pryde(Ellen Page), e Wolverine é escolhido por ser o único capaz de suportar o processo. Kitty nunca teve poderes telepáticos e é bem esquisito ver ela desempenhando esse papel. Por outro lado, isso fez com que a personagem(a viajante do tempo no original dos quadrinhos) ganhasse relevância na história e aparecesse do começo ao fim, algo que eu queria que acontecesse. Talvez essa nova habilidade seja uma mutação secundária, mas o filme não apresenta nenhuma explicação para o fato.


Indo para os anos 70, Wolverine recruta os jovens Charles Xavier(James McAvoy), Hank McCoy( Nicholas Hoult) e Magneto(Michael Fassbender) para ajudá-lo a deter a impiedosa Mística, que busca vingança contra Trask, que acabou matando vários mutantes em suas pesquisas visando a criação dos robôs. Graças ao mesmo soro que permitiu ao Fera controlar sua transformação, Xavier estava andando novamente(o que o fez perder seus poderes). No decorrer da produção, Xavier se dá conta da importância da missão de Logan e deixa de usar o soro para ter acesso novamente às suas habilidades telepáticas.


Magneto, para variar, estava preso - acusado injustamente de ter assassinado JFK. Logan e os outros o libertam da prisão com a providencial ajuda de um jovem Mercúrio(Evan Peters), que Wolverine diz ter conhecido no futuro. Empolgado com a chance de invadir o Pentágono, Mercúrio aceita participar da missão e protagoniza uma cena espetacular, que é de longe um dos pontos altos e mais engraçados do filme.


A partir daí, Wolverine, Fera, Xavier e Magneto iniciam a sua caçada à Mística, e as complicadas relações entre estes personagens funcionam, como já havia acontecido em "Primeira Classe". Como já era de se esperar, Magneto separa-se do grupo e inicia uma cruzada pessoal(que ele acredita ser o melhor para os mutantes); Mística está bem mais próxima do que é a personagem nas HQs e Xavier acaba sendo o grande herói do ato final, do qual Wolverine é retirado de cena pelos poderes de Eric. O ataque derradeiro dos mutantes contra Trask, aliás, teria ficado ainda melhor se a desnecessária parte em que Magneto arrasta um estádio não existisse. Cometeram o mesmo erro da bizarra ponte flutuante de "X-Men 3". Magneto é bem mais assustador quando utiliza-se da sutileza e movimenta balas e barras de aço.


Com os problemas resolvidos no presente, tudo muda no futuro e Logan retorna para um verdadeiro paraíso, com a Escola de Xavier funcionando a todo vapor. Tudo foi zerado, todos estão vivos e seria um final interessante se este fosse o último filme do cruel reinado da FOX com a franquia, o que não é o caso, já que as boas cenas pós-créditos mostram o vilão do próximo capítulo: Apocalipse(que usava seus poderes para construir gigantescas pirâmides). Seria legal se o final fosse o mesmo das HQs, onde os mutantes cumprem a sua missão e ficam sem saber se suas ações tiveram efeito. A cena final de Logan e Mística lá nos anos 70 também ficou esquisita, e é resultado de toda a bagunça cronológica criada pelos filmes da franquia.


Quanto aos X-Men do futuro, no começo vemos Tempestade(Halle Berry), Magneto(Ian McKellen)e Xavier(Patrick Stewart) reunindo-se com a célula de Kitty, que só conseguiu escapar dos sentinelas graças às suas misteriosas novas habilidades. Fazem parte desse grupo Colossus, Homem de Gelo e os novatos na série de cinema Apache, Mancha Solar, Bishop(ridículo, embora eu seja suspeito para falar deste personagem, do qual nunca gostei) e Blink. Desta turma toda, quem brilha é Blink(Bingbing Fan), que ficou com um visual legal e cujos poderes de teleporte funcionaram bem no combate contra os robôs. A sobrevida de Xavier após ser massacrado por Jean em "X-Men 3" também não é explicada. Há ainda uma cena em que o Xavier do passado entra em contato com o do futuro que ficou boa.


Assim como nos gibis, os X-Men são massacrados pelos Sentinelas, enquanto protegem Kitty e o corpo de Wolverine e ganham tempo para que Logan realize a sua missão no passado. Os Sentinelas ficaram legais, tanto as versões do passado quanto as futuristas, bem assustadoras. É isso, então, o filme até que funciona, se descontadas as liberdadas tomadas em relação à história original. Fiquei em dúvida quanto à nota, e vou repetir os 8,5 que dei para "Primeira Classe", já que este é um filme que também deve ser apreciado de forma isolada, sem ligar para as mudanças feitas nos personagens e nos erros da tumultuada franquia.

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