Duas boas histórias que li recentemente giram em torno de uma questão interessante: porque os heróis não devem matar os vilões? Nos dois casos o herói e o vilão são os mesmos: Batman e Coringa. Em "Injustiça: Deuses Entre Nós"(HQ que adapta o jogo de mesmo nome), o Coringa destrói Metrópolis, faz o Superman matar Lois Lane(que estava grávida) e depois é assassinado pelo irado kryptoniano(que passa a agir de forma mais violenta contra os criminosos), que culpa Batman pela tragédia. Se o Homem Morcego tivesse dado uma solução permanente em seu arqui-inimigo em um de seus inúmeros embates anteriores, todo aquele horror não teria acontecido.
Já na saga "Morte da Família"(publicada nas edições 13 a 17 da mais recente série do "Batman" editada pela Panini), o Coringa(usando a pele de seu rosto como uma máscara, no melhor estilo "Leatherface") empreende um cruel ataque contra Batman e todos os seus aliados, que são perseguidos, capturados e torturados pelo vilão. E o próprio Coringa afirma que Batman não o deteve antes porque precisa dele, e gosta dos vários combates que eles realizaram ao longo dos anos. O vilão ainda ridiculariza a teoria de que venceria se Batman o matasse, pois sua verdadeira vitória vem do enorme número de vítimas que faz sempre que ele volta a atacar.
Em "Injustiça", o Batman diz que sente-se responsável por todos os crimes do Coringa, mas não o mata porque depois que justifica-se uma morte, várias outras também podem ser justificadas, e o certo e o errado acabam misturando-se. Teoria legal, mas gostei mais da apresentada por Bruce ao seu amigo Alfred em "Morte da Família". Wayne afirma que não acabou com o Coringa antes por medo de que alguém pior ocupasse seu lugar ou de que ele voltasse de forma ainda mais terrível. Achei esta explicação bem mais humana, e fora dos clichês das histórias de super-heróis e supervilões.
Sei que na natureza cíclica das histórias Marvel e DC os personagens nunca morrerão de forma definitiva mas, se eles realmente morressem, tendo a concordar com uma visão mais "Frank Castle" da vida, que não dá chance para os criminosos e prega o "olho por olho, dente por dente". A violenta sociedade atual está sendo mais e mais refletida nas histórias e eu já não me surpreenderia ou ficaria chocado se visse o meu herói favorito assassinando um vilão que merecesse. Talvez seja ruim ter perdido esta visão mais pura e romântica dos heróis, mas não tenho vergonha de dizer que a perdi.
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