Sexta-feira.
Meio-dia.
Um calor de matar.
Entra no ônibus uma alegre turma de estudantes. Suados e barulhentos.
Logo, todos os espaços são ocupados e a bagunça toma conta da viagem.
Em meio ao barulho, vejo uma menina, que não passou pela roleta, sentada na parte da frente do coletivo.
Ela olha pela janela, de maneira triste, e parece alheia ao caos ao seu redor.
Fica assim durante vários minutos, como se procurasse por alguma resposta essencial à sua sobrevivência nas ruas da cidade.
Por alguns poucos segundos, ela olhou para mim, e pude ver seus grandes olhos verdes, também tristes, deslocados, diferentes.
Quando desci do ônibus, lá ficou ela, ainda do mesmo jeito. Olhando para o nada, ou olhando tudo que outros olhos menos sensíveis não conseguem ver?
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