"Mais um poema de Pablo Neruda:
[HOJE QUANTAS HORAS...]
Hoje quantas horas vão caindo
no poço, na rede, no tempo,
são lentas mas não tiveram descanso,
seguem caindo, unindo-se
primeiro como peixes,
depois como pedradas ou garrafas.
Lá embaixo entendem-se
as horas com os dias,
com os meses,
com lembranças confusas,
noites desabitadas,
roupas, mulheres, trens e províncias,
o tempo se acumula
e cada hora
se dissolve em silêncio,
se esfarela e cai
ao ácido de todos os vestigios,
à água negra
do avesso da noite."
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