Revi ontem o filme "Solaris"(Dir.: Steven Soderbergh, 2002, Dur.: 95 min.), que eu acho bem interessante. Estranhamente ainda não tinha comentado nada sobre ele aqui no blog. Agora, então, esta falha está corrigida. "Solaris" é a refilmagem de um filme russo lançado em 1972, baseado num romance de Stanisław Lem.
Em "Solaris", o psicólogo Chris Kelvin(George Clooney) vai para uma estação espacial que orbita o misterioso planeta Solaris e vivencia um estranho fenômeno: todos que estão lá recebem visitas de pessoas conhecidas, materializadas pelo planeta. No caso de Chris, a visitante é a esposa - Rheya (Natascha McElhone)- que cometera suicídio anos antes.
As "cópias"(sim, são mais de uma) de Rheya já surgem, então, com uma tendência suicida, pois são frutos das lembranças e das experiências dele. Chris sabe que as Rheyas não são reais, e algumas das "cópias" acabam também tendo consciência de sua situação. O que você faria se alguém que você amou retornasse da morte? O que você faria se soubesse que não é real, que simplesmente apareceu no mundo de uma hora para outra?
A história é bem complexa, chega a ser assustadora em alguns momentos e, apesar de meio "paradona", é muito boa. Merecem destaque as competentes atuações de Clooney e de Natasha McElhone(atualmente trabalhando na série "Californication", ao lado de David Duchovny). Nota do filme: 8.
Abaixo, um poema que é mencionado no filme. Quem escreveu foi o galês Dylan Thomas:
"E A Morte Perderá O Seu Domínio
E a morte perderá o seu domínio.
Nus, os homens mortos irão confundir-se
com o homem no vento e na lua do poente;
quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos
hão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas.
Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido;
mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir;
mesmo que os amantes se percam, continuará o amor;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do mar
não morrerão com a chegada do vento;
ainda que, na roda da tortura, comecem
os tendões a ceder, jamais se partirão;
entre as suas mãos será destruída a fé
e, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento;
embora sejam divididos eles manterão a sua unidade;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos
nem as vagas romper tumultuosamente nas praias;
onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor
erguer a sua corola em direção à força das chuvas;
ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer
como pregos as suas cabeças pelas margaridas;
é no sol que irrompem até que o sol se extinga,
e a morte perderá o seu domínio.
(tradução: Fernando Guimarães)"
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