Mais um soneto e dois haicais*, escritos por Guilherme de Almeida:
"Mas não passou sem nuvem de tristeza
esse amor que era toda a tua vida,
em que eu tinha a existência resumida
e a viva chama de minha alma, acesa.
Nem lemos sem vislumbre de incerteza
a página do amor, lida e relida,
mas pouquíssimas vezes entendida,
sempre cheia de engano e de surpresa,
Não. Quantas vezes ocultei a minha
dor num sorriso! Quanta vez sentiste
parar, medroso, o coração de gelo!
- É que nossa alma às vezes adivinha
que perder um amor não é tão triste
como pensar que havemos de perdê-lo."
"Romance
E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas."
"Tristeza
Por que estás assim,
violeta? Que borboleta
morreu no jardim?"
* "Haicai é um poema de origem japonesa, que chegou ao Brasil no início do século 20. No Japão, e na maioria dos países do mundo, é conhecido como haiku.
Segundo Harold G. Henderson, em "Haiku in English", o haicai clássico japonês obedece a quatro regras:
Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas.
Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)
Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)
Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.
No transplante do haicai para outros países, algumas das regras anteriores são seguidas com maior ou menor fidelidade, enquanto outras podem ser mesmo ignoradas, dependendo de cada poeta ou da escola seguida."
Fonte: http://www.kakinet.com/caqui/nyumon.htm
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