Incontestável
Esta é uma despretensiosa fanfiction de Arquivo-X que escrevi já faz algum tempo.
Disclaimer: Os personagens dessa história foram criados por Chris Carter, 1013 e Fox Company.
"Ainda não sei como Mulder me convenceu, mas aqui estamos nós para um final de semana de descanso no meio da floresta. Devo admitir que uma cabana como esta me trás péssimas lembranças, mas a companhia de Mulder, especialmente depois de tudo que aconteceu nas últimas semanas, compensa qualquer coisa."
- E então, Scully, já está pronta para enfrentar minha lasanha?
- E como, Mulder, não sabia que você sabia cozinhar.
O agente especial do FBI, Fox Mulder, levando o prato com lasanha para a mesa onde sua parceira, Dana Scully, está esperando, apenas sorri. Ele, secretamente, sempre sonhou com uma noite como esta. Após sentar-se na mesa, o agente olhou com ternura para sua companheira, inclinou-se para a frente e beijou seus lábios com muito carinho. Um estranho brilho passou pelos olhos de Mulder, mudando totalmente o rumo das coisas.
Esse mesmo brilho foi visto por Emily nos olhos de seu marido, Christopher, na primeira noite que ambos passaram juntos naquele que seria o lugar onde eles viveriam felizes para sempre. A realidade, porém, foi muito diferente. Emily correu por muitos metros sendo perseguida por seu amado, antes de tropeçar na raiz de uma árvore centenária e cair. Ela ainda implorou pela vida
antes de ter sua garganta cortada. Era uma fria noite de 1813, e uma sombria gargalhada ecoou pelos ares.
Depois de beijar Scully, Mulder se afastou, foi até o quarto e, quando voltou, trazia sua arma em punho e apontou-a para sua parceira.
Mulder, o que é isso? – indagou Scully, com os olhos arregalados.
Scully... corre!!! - respondeu Mulder, que com muita dificuldade conseguiu desviar o disparo, que estava destinado a atingir a testa de Dana.
Antes de sair da cabana, Scully, de relance, olhou para Mulder, que já não apresentava uma fisionomia que pudesse ser considerada humana.
Scully correu para a escuridão das árvores e pôde perceber, pelo som dos passos, que Mulder estava em seu encalço. A agente não sabia o que fazer, já que estava desarmada e não tinha a mínima idéia do que tinha acontecido a seu parceiro. Foi mergulhada em pensamentos que ela se confrontou com uma estranha visão, que pairava no ar bem à sua frente e iluminava a noite.
Era uma bela mulher, com olhos penetrantes, cabelos cacheados dourados, vestida com um belo manto branco. Scully parou de correr, congelada pela estranha imagem que presenciava. Em sua cabeça, uma poderosa voz que parecia vir de lugar nenhum, ecoou, dizendo as seguintes palavras: "Continue correndo, Dana, só assim vocês dois serão salvos!"
Ao perceber que Mulder se aproximava, Scully obedeceu à voz, que no entanto não se calara.
"Siga-me!", disse ela. A imagem da mulher se converteu numa espécie de estrela, que começou a voar por entre as árvores, indicando o caminho que Scully deveria seguir.
"Quem é você? O que está acontecendo aqui?", gritou Scully, sem tirar os olhos da estrela e sem parar de correr. "Você logo saberá", disse a voz, "eu esperei muitos anos por vocês, mas jamais perdi as esperanças de me deparar com um amor tão puro como o nosso."
"O nosso? De quem?", quis saber Scully, que viu a estrela parar bem na frente de uma árvore, que tinha estranhas marcas cravadas em seu tronco. "Pare aqui", ordenou a voz, "dentro dessa árvore está a origem do sinistro mal que ceifou muitas vidas nesta floresta, inclusive a minha e a do meu amado."
Scully ajoelhou-se e enfiou as mãos dentro de um buraco localizado no tronco da árvore e encontrou um estranho objeto; que parecia com um boneco "vodu", era todo negro, feito de um material semelhante à cerâmica, e estava banhado de sangue, que sujou as mãos da agente.
"Destrua-o! Agora!", disse a voz. Scully não hesitou, e começou a bater o boneco com força no chão. Após os dois primeiros golpes, sentiu o cano frio da arma de Mulder encostar em sua cabeça.
Neste instante, a estrela emitiu um imenso clarão, que desorientou Mulder por tempo suficiente para que Scully desse o terceiro e definitivo golpe, quebrando o objeto. Então, uma espécie de sombra deixou o corpo de Mulder, se dissipando no ar. O agente caiu de joelhos no chão e, com lágrimas nos olhos, abraçou Scully. Os dois ficaram assim por um bom tempo, até que notaram,
na árvore onde o objeto estava escondido, uma inscrição dourada, que dizia: "Agora em Paz. Obrigado. Christopher e Emily McCallister."
Os dois agentes não puderam ver, mas, acima das árvores, os espíritos de vários casais voaram na direção do céu, felizes por estarem finalmente livres.
Uma semana depois, os agentes já estão de volta à Washington e Scully espera por seu parceiro para contar as novidades. Mulder entra na sala, sorridente, cumprimenta Dana, e pergunta o que ela conseguiu descobrir.
- Temos apenas dois Arquivos X que registram mortes de mulheres na Floresta de Burkittsville:
um de 1970 e outro de 1979. Mas devem haver muitas outras, que por uma ou outra razão não foram notificadas. Os assassinos eram os maridos das vítimas, que ficaram loucos e morreram pouco tempo depois. Ambos se suicidaram.
E quanto à Emily McCallister, nossa salvadora?
Não encontrei muita coisa sobre ela. Temos apenas uma certidão do casamento dela com Christopher e esta foto.
A agente Scully entrega a amarelada foto para seu parceiro e prossegue:
- Pesquisando num antigo tratado sobre feitiçaria, eu encontrei algo que se enquadra no que aconteceu a nós. Há muito tempo atrás, existiu um malévolo feiticeiro, Terrac, que, para conseguir o que queria, amaldiçoou o local onde morava...Burkittsville? - indagou Mulder.
Sim! – continuou Scully - De acordo com o livro, todo casal que se beijasse era afetado pela maldição. Os homens enlouqueciam e eram impelidos a matar suas mulheres. Estes sacrifícios aumentavam o poder do feiticeiro, que almejava conseguir a vida eterna.
Que história, não? Que fim levou o tal do feiticeiro?
Bem, um feiticeiro "branco", Shric, preocupado com as ações de Terrac, enfrentou o vilão. A batalha acabou resultando na morte de ambos. O tratado não revela nada sobre o destino da maldição...
Pelo visto, a morte do feiticeiro não anulou a maldição e, ao longo dos tempos, todos que passavam por aquela floresta eram afetados. Parece que nós quebramos o círculo, Scully.
É verdade! Com ajuda de Emily!
Todo esse conto de fadas, apesar de absurdo, faz sentido. Nós o vivemos, Scully. Só uma coisa não se encaixa: porque o espírito de Emily escolheu justamente a nós para quebrar a maldição?
Talvez Emily precisasse de tempo para armazenar energia suficiente para poder ajudar, não sei...
Scully parou de falar, abriu a porta, e disse para Mulder:
Que tal voltarmos ao mundo "real" agora?
O agente sorriu, guardou a foto de Emily no bolso de seu terno e, junto com sua parceira, deixou a sala.
Na cabeça de Dana, as palavras de Emily se repetiam sem parar: "um amor tão puro como o nosso."
"Um amor puro, verdadeiro. Era disso que a essência de Emily precisava para acabar com a maldição, para poder se juntar com seu querido Christopher. Essa é a resposta, Mulder. Sempre duvidei ou tentei esconder, sufocar meus sentimentos por você. Foi necessário que você fosse possuído e que apontasse uma arma para minha cabeça para que eu finalmente me desse conta
do óbvio: eu amo você, Mulder, e nós devemos ficar juntos. Essa é a verdade mais incontestável que eu conheço. E a única na qual eu não temo acreditar.".
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