Bento XVI mantém o limbo no limbo
Vaticano – O Papa Bento XVI recebeu ontem os integrantes da Comissão Teológica Internacional que se reuniram, esta semana, no Vaticano para discutir se a Igreja deve abolir o limbo – o lugar para onde, conforme uma crença antiga, seriam enviadas as crianças que morrem sem o batismo.A conclusão dos teólogos, 29 especialistas, entre os quais o padre brasileiro Geraldo Luiz Borges Hackman, ainda não foi anunciada, mas a expectativa é de que seja favorável a riscar definitivamente o limbo das páginas do catecismo. A palavra final será do Papa, diretamente ou por meio da Congregação para a Doutrina da Fé.
O conceito de limbo – palavra derivada do latim limbus, que significa franja ou borda de uma veste – foi um arranjo dos teólogos em busca de um destino para as crianças que morrem pagãs. Sem o sacramento do batismo, que as tornaria cristãs e participantes da graça divina, elas não poderiam entrar no céu, por estarem marcadas pelo pecado original, mas também não mereceriam ser condenadas ao inferno, porque não cometeram nenhuma falta grave ou pecado mortal. A solução foi a concepção de um lugar neutro, onde não sofreriam nenhum castigo, exceto a privação da visão de Deus. Nesse lugar, o limbo, as crianças teriam bem-estar eterno, sem tormentos físicos.Em 1201, o Papa Inocêncio III formulou o que passaria ser uma opinião comum. “O castigo sofrido em razão do pecado original é o de ser privado da visão de Deus, o castigo sofrido em razão do pecado atual é o suplício do inferno eterno”, declarou. Era uma confirmação da teoria de Santo Agostinho que seria reformulada por outros teólogos, com noção do limbo para as crianças que morrem sem o batismo. Segundo Santo Tomás de Aquino, o limbo é, no fundo, um lugar de beatitude.O Catecismo aprovado em 1992 pelo Papa João Paulo II, não registra a palavra limbo. Limita-se a declarar que “quanto às crianças mortas sem batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus”. O Papa polonês teve uma irmã que morreu pouco após o nascimento e não chegou a ser batizada.(Gazeta do Povo)
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