Natal asiático tem carne de ratos, morcegos e barramundas
Miral Fahmy
Cachorros, morcegos, barramundas e o Kentucky Fried Chicken vão frequentar as mesas na Ásia e no Pacífico neste Natal, uma festa comemorada com muita alegria e bem pouco peru nessa região quase totalmente não-cristã. O Natal é encarado como uma festa estrangeira em muitos países da Ásia, mas isso não impede que milhões de pessoas sirvam banquetes nesse dia, com comidas que muitas vezes os ocidentais nunca ouviram falar.
Na Indonésia, o país muçulmano mais populoso do mundo, que tem uma população cristã significativa, a festa de Natal inclui iguarias como carne de porco com molho de sangue e carne de cachorro.
"Normalmente fazemos uma reunião de família depois da missa da véspera de Natal", disse Ermida Simanjuntak, uma indonésia batak cristã. "Não damos presentes, usamos o evento para nos reunir e conversar."
Na ilha de Sulawesi, cristãos manados servem os kawok, um tipo de roedor que é cozido com pimenta e alho, e os paniki - morcegos -, ensopados em leite de coco.
"A carne de paniki tem quase o mesmo gosto que a do kawok, mas com mais músculos", disse Stephen Lapian. "Mas, se você errar na hora de cortar a asa, ele pode ficar bastante fedido."
No Japão, muita gente comemora o Natal com o frango frito da rede norte-americana Kentucky Fried Chicken. A procura é tão grande na véspera de Natal que é preciso fazer encomenda com antecedência. "Entre 23 e 25 de dezembro, as vendas podem chegar a dez vezes os níveis normais", disse Sumeo Yokokawa, do departamento de relações públicas do Kentucky Fried Chicken do Japão.
A tradição começou em 1974, quando um cliente estrangeiro mencionou para um gerente que tinha ido comprar frango frito porque não tinha conseguido achar peru no Japão. O comentário inspirou uma campanha publicitária que deu certo.
O tender doce à moda chinesa é um prato popular para a ceia nas Filipinas, e os mais ricos servem leitão assado ou peru. Os filipinos gabam-se de ter o Natal mais longo do mundo - os enfeites começam a aparecer em setembro.
Na China comunista, embora o Natal seja um dia normal de trabalho, os grandes hotéis de Pequim e Xangai oferecem almoços e ceias de Natal. Muitos restaurantes menores também entram no espírito, fazendo os garçons usarem gorros de Papai Noel - coisa impensável nos tempos de Mao Tsé-Tung.
Mais ao sul, na Austrália, o almoço natalino tende a ter frutos do mar e salada, no lugar do peru assado. Batem ponto lagostins e lagostas, seguidos por barramundas e outros peixes grelhados, junto com carnes servidas frias. Assim como no Brasil, o Natal australiano cai no verão. "Com o calor cada vez maior, as pessoas não querem ficar dentro de casa cozinhando", disse Louise Nock,
gerente de marketing de uma peixaria.
Se sobrar espaço, experimente a enorme variedade de sobremesas da região, que vão da bibingka filipina - um bolo de arroz com ovos coberto com queijo e coco - até arroz-doce e bolo de frutas em Bangladesh.
No Japão, muitas famílias optam por um pão-de-ló simples coberto com chantilly e morango. O termo "bolo de Natal" é usado para se referir a solteiras com mais de 25 anos, que, assim como o bolo depois de 25 de dezembro, já teriam passado do seu auge.
(Reportagem de Isabel Reynolds e Elaine Lies em Tóquio, Mita Valina Liem em Jacarta, Azad Majumder em Daca, James Grubel em Canberra, Carmel Crimmins e Karen Iema em Manila, Ben Blanchard em Pequim e Jon Herskovitz em Seul) Fonte: Reuters/Terra
Paquistaneses oferecem ritual de sacrifício de animais pela Web
Grupos religiosos paquistaneses estão usando a Internet para ajudar muçulmanos do Ocidente a comprarem e sacrificarem animais para uma cerimônia anual. O Eid Al Adha, que marca o fim do Haj (peregrinação anual a Meca), é considerado uma festa do sacrifício. Os muçulmanos que
tenham condições devem comprar e matar animais, distribuindo a carne entre pobres e parentes.
Nos países ocidentais, essa prática é inviável para muitos muçulmanos, que agora podem comprar o animal pela Internet e até vê-lo sendo abatido antes que a carne seja distribuída. "Não é fácil para eles comprar animais e realizar o sacrifício de acordo com nossos ritos religiosos nesses países", disse Sohail Ahmed, funcionário da entidade islâmica Al Khidmat, que oferece o serviço. "Eles estão recorrendo à Internet para completar suas obrigações
religiosas."
No Paquistão, milhares de vacas, cabras, ovelhas e camelos são sacrificados por ano na época do Eid Al Adha, que neste ano cai na primeira semana de janeiro. Tradicionalmente, cidades grandes e pequenas organizam mercados com animais vivos para serem sacrificados, que são trazidos por seus criadores de pequenas aldeias. Segundo Farukh Sheikh, da entidade Sahara, a
compra de animais para o sacrifício pela Internet está se popularizando também no próprio Paquistão.
"É uma questão de conveniência. As pessoas hoje em dia não têm tempo de ir aos mercados e de barganhar", disse Sheikh. "Estamos oferecendo o serviço com taxas competitivas. As pessoas confiam em nós para distribuirmos a carne segundo as obrigações religiosas entre os pobres e necessitados", disse Sheikh.
Outra entidade, a Alamgir, também oferece a opção de assistir ao sacrifício ao vivo pela Web.
"As pessoas podem assistir ao sacrifício, não importa em que país estejam", disse Shakeel Dehalvi, funcionário da organização. Os animais são vendidos nos sites por valores de US$ 100 (cabras) e US$ 450 (vacas). Mas alguns grupos islâmicos contestam a prática, já que as compras pela Web envolvem o pagamento de juros, o que é proibido pela lei islâmica.
"Nos sites, normalmente os compradores têm de pagar juros sobre compras feitas em seus cartões de crédito", disse Rizwan Edhi, da fundação Edhi. "Preferimos evitar qualquer controvérsia relativa às leis islâmicas."
Fonte: Reuters/ Terra
No comments:
Post a Comment